domingo, 19 de setembro de 2010

Ela estava no escuro. Ele veio acendendo a luz aos poucos e a fez enxergar que ela não estava sozinha. Havia muitos ursinhos em seu quarto, sobre as prateleiras e os bidês, sobre o guarda roupa e as estantes. Ursinhos de todos os jeitos e para todos os gostos, e o melhor, todos estavam lá com o propósito de não deixá-la sozinha. E ele também estava. Ela era quem não enxergava. E agora, ela tinha medo. Um monstro horrível havia saído de seu armário, disfarçado. O monstro a engara muito bem. Mas os ursinhos a salvaram. Fizeram-na perceber que o monstro "em pele ursinho" era realmente um monstro. Sorte a dela tê-los por perto. Sorte dela que também ele estava presente. Ele esperava na porta que ela visse a verdade para que ele pudesse entrar. Foi então que ele começou a acender a luz. Devagar. Até que ela o viu lá, parado, olhando-a. Ele entrou no quarto devagar. E ela foi sentindo-se cada vez mais segura, cada vez mais feliz. Ele abriu a janela e mostrou a ela o céu, cheio de estrelas. Eles ainda eram duas crianças, com seus medos, suas brincadeiras e sua vontade de crescer. E ainda crianças, cheios de esperança, eles olhavam as estrelas, juntos, com a certeza de que um dia poderiam alcançá-las.